5 de julho de 2012

Faz parte...


Brigo com minhas dúvidas,
Refaço meus planos,
E sigo...
Sem medo de cometer enganos.


((( Camila Senna )))


Desejada primavera...




Ao ver seu sorriso de perto,
Me vi inteira, sem regra...
Fazendo parte da sua esfera
Sendo desejada primavera.


((( Camila Senna )))



Nem o ar quer estar...




O frio tem atormentado o meu estado.
O frio que eu falo...
 É o que se instalou na minha alma
Das incertezas vividas...
Dos dias que vêm com tempestades,
Transformando minha vida em trovoadas em dias de chuvas brabas.
Recolhida fico eu a pensar...
Em um canto da sala, nua e sensível a chorar...
Com um vazio, que nem o ar, se interessa em estar.
Esse canto já me conhece, ele me acode, me atura, me aquece.
Minha voz, de grossa que é, fica alquebrada, fica trêmula.
Fico crua, dolorida, oprimida, descontrolada, maltratada...
Lembrando das raízes do passado, das raízes do agora, que me devora...
Assim como o fogo devora a lenha.
Esperando no entanto, a chegada triunfal do outro dia...
Desejando não mas cair em nostalgia,
Querendo que renasça a chama do meu eu de verdade.
Eu sei que não é miragem, eu sou quente, a natureza assim me fez!
Mas a frieza? O vazio?
Que malvados que são!
Me deram uma rasteira.
Que distração.

(((Camila Senna )))
 


Eu quero mesmo é a toxina do amor...


Me vesti de preto não porque estou de luto...
Mas porque não estou bem!
Peguei minha xícara de café e sentei...
Sentei no sofá cor de canela.
Tomei cafeína para ver se existia...
Existia com urgência, querendo sair logo desse marasmo...
Marasmo da rotina...
Rotina que me faz saturar.
Me fazendo suspeitar do dia, da luz, me fazendo preferir o breu...
Breu esse que impregna meu espírito de solidão...
Solidão essa que faz nublar o céu azul sem perguntar sua opinião!
Que transforma o dia quente e intenso em dia de frio e insensível.
Mas ao mesmo tempo me acalma, domina meu ânimo.
Me faz refletir no ontem, no hoje.
Me sinto por horas melhor, ouço até minha respiração quente sobre o travesseiro.
Mas não quero!...
Deixar a solidão, o marasmo e a rotina me pegar...
Agarrando as minhas pernas...
Grudando feito lepra no meu corpo e me fazendo estacionar.
Um dia inteiro desse veneno que foi absorvido pela pele...
E espertamente se instalou na alma, já basta!
Ser serena com tristeza?
Não vale a pena!
Quero a substância do amor que é cheia de vigor.
Prefiro mesmo os dias agitados que são cheios de calor.
Calor humano, que me inspira...
Me inspira o coração, os sentimentos...
E o mais importante os meus pensamentos.
Sabe o que desejo mesmo?
É sangue quente circulando por minhas veias, sempre!...


((( Camila Senna )))


Voltou a ser o que era...


O céu amanheceu nebuloso, com cara de amargura...
Queria invadir: as ruas, as casas, as almas e os corações.
Mas a rua, de ousada que é, ficou em colibri.
A casa, de família que é, ficou em vigília.
A alma, de sensível que é, vestiu-se com armaduras.
O coração, de emoção que é, transformou-se em um leão de coragem.
O céu queria mesmo é ser o centro das atenções...
De forma que todos que estivessem felizes se contagiassem com sua tristeza.
Então a rua lhe disse: volte a ser o céu azul que me iluminava.
A casa aconselhou: a vida nem sempre vai ser florida, mas você pode ser azul, ainda que tristeza.
A alma explicou: tem dias que é assim, ficamos vulneráveis, mas é preciso força para não nos deixar abater.
O coração incessantemente pediu: volte a ser anil.
Busque dentro de você sua galhardia...
Você tem essência divina, não permita que as trevas invadam seu infinito.
O céu, emocionado, rendeu-se...
Permitindo-se novamente ao calor do amor.
E todo o seu firmamento voltou a ser esplêndido.
 
(((Camila Senna)))


Poema sem nome, que o amigo José Silva, o batizou de "Amargura"



Sentimentos arados no chão...
Tentando fazer sementes, tentando fazer verão.
O amor como procissão, esperando menos desilusão.
A morte, feito vírus que paira no ar...
Querendo habitar e nos fazer enterrar.
O descaso, igual as lembranças de um dia de sol...
Sem esperança, sem rouxinol.



(((( Camila Senna ))))



Minhas queixas...




Choro, choro porque em mim, dentro de mim, habita uma vida.
Vida sofrida, que mesmo com tantos dissabores,
Mesmo com tantas desgraças já ocorridas.
Grita, grita pra ter vida.
Meu interior vez em quando respira frágil, frágil pior que vidro,
Cuja alma se encontra árida, retraída.
Minha mente vaga nos andarilhos de um Senhor chamado passado.
Implorando fazer teatro nas cortinas de um menino chamado presente.
Aonde o todo-poderoso é o tempo, o tempo...
Quero me aconchegar em algum lugar.
Ando com espírito ébrio de tanta imobilidade.


(((Camila Senna)))


...

 Dei bom dia a noite
e boa noite ao dia.

Velei o papel em branco
que enamorava minhas
palavras infindas de vazio.

Camila Senna

Revinda...

 
Ah, coração de ouro...
Ninguém te vê,
Ninguém te sente,
Ninguém te toca.

Ah, coração de ouro...
Você também precisa de adorno,
Uma hora cansa ser belo só para os outros.
Quando espera um tiquinho de revinda, tudo finda!

Ah, coração de ouro...
Continue sua jornada,
Uma hora encontrará uma alma perfumada
Que ilustrará a troca, a troca de sentimento genuíno.

Ah, coração de ouro...
Não ligue se um dia foi tolo,
Faz parte do amadurecer,
Amadurecer sem morrer!

Ah, coração de ouro...
Não perca sua doçura,
Não perca sua bravura,
Sejam ambos quando valer!


((( Camila Senna )))


Iluminada...


Ando vagando nua,
Crua, sozinha...
Sobre os trilhos do tempo inimigo,
Mal entendo o que acontece comigo.
Anda faltando-me o ar...
Meu choro tem sido de soluçar,
Meu coração está definhando
Preciso te amar!
Que venha os trovões...
E com ele a tempestade.
Que venha o frio
E com ele a neblina cinzenta.
Mas não falte-me nessa hora
Venha pro meu regaço, agora!
A urgência em mim, já se declara.
Vem?
Estou de braços abertos, iluminada pela aurora.

((( Camila Senna )))



Convento...


Durante anos de uma vida povoada,
Andei só, com meu coração despovoado.
Dava bom dia ao vizinho com sorriso no rosto...
Para esconder a vergonha de cada a dia.

Destilava palavras de carinho,
Mas minha carne interna estava desidratada, sem rio.
O amor que sempre me amou, insistia em ficar...
Estava por um triz conservá-lo florido...

Pois eram muitos momentos pálidos sem colibris.
Me vi num convento onde só enxergava lamento,
Duma escassez de sentimentos de entontecer,
As cores que eu via, era branco e preto...

O branco: não era de paz, era dum tormento-loucura...
O preto: não era da noite com luar, era a morte vestida para me tragar.
Minha sorte foi a de ter nascido teimosa, rebelde, é... rebelde.
Cuja rebeldia causou a rebelião de toda uma vida ferida...
Sem cor, ser harmonia, sem poesia... Me libertou!

A inquietude interior que me vestia...
Me fez ser melhor do que eu via, sentia e vivia.
Estava tudo entalado na garganta,
E antes que me estrangulassem...

Vomitei com toda a minha coragem
Rasguei a batina que enclausurava minha espontaneidade,
Joguei-a no lixo, no lixo dos covardes!
Fiquei desnuda, com a face alva, macia e sem poeira.

(respirei)...

((( Camila Senna )))



Esperança...


A lágrima que cai...
Cai miúda, pálida, oculta.
Tudo que é oculto não me guia,
Mas minhas lágrimas irreprimidas, não consigo desnudá-las!
Desde de pequenina,
A música, o amor, as histórias...
Fazem parte da minha alma, me alucinam!
Inebriando o que foi só aumentando!

Mocidade chegou e os devaneios em minha vida...
Tornaram-se perseguidor.
Tornando-se um exagero,
Levando-me a dormir sem travesseiro.

Sai do interno físico de uma mulher
Tornei-me Uma!...
Aquela... que é forte, delicada, 

menina-mulher, com ar de bela e coração de fera.

A história que se vive é real
Doe a carne,
Quebra os ossos,
Dói os dentes.

A esperança é a cura para todos os ais,
É a linha na agulha para estrada turva.
A esperança é o antídoto que faz o amor a dois, se perpetuar...
É o que sustenta o sonho irreal, tornando-o mais que real.

((( Camila Senna ))) 

 

Coração erudito...

SENNA

Bate no peito uma melancolia
Dos sonhos idealizados,
Do tapete vermelho...
Do véu iluminado.

Bate no peito uma melancolia,
Dos versos escritos,
Das paredes pintadas,
Dos anjos dourados, e nada, nada se realiza!...

Bate no meu peito,
A vontade de ir embora,
Deixar os sonhos,
Perder a memória.

Bate no meu peito,
A frustrante lágrima interna,
Que grita, que implora, que impera!...
Pedindo socorro e um pouco de sustento.

Bate no meu peito erudito, sofrido... A revolta!
De muitas voltas,
De muitas vindas,
De ser menina...
E não encontrar a meninice na minha rotina.

((( Camila Senna )))




Solidão precisa...



Sabe, solidão...
Tem dias que te sentir até que é bom.
Consigo sentir-me melhor,
Fumar meu cigarro,
Ouvir minha alma.

Disseram-me que sou bonita,
Quem disse, disse também...
Que minha alma é colorida,
Mas que bem no fundo mora tristeza...
Fiquei chateada por tamanha ousadia,
Pior, quem disse, sequer conhecia-me.

Mas preciso ao menos um pouco falar comigo,
Ouvir minha voz rouca, grossa...
A mesma que quantas vezes melancólica,
Cantou chorando por um alguém.
Que se me perguntarem, direi: "não sei".

Por vezes reclamava da pobre solidão,
Falava mal, achava feia...
Mais quando acompanhada por ela,
Consigo pensar com mais clareza, no sim, no não.
Fazer faxina no coração.

Solidão, vez em quando venha-me visitar,
Antes eu achava horrível te aceitar.
Hoje tenho tamanha necessidade de contigo estar...
Amo a vida, amo as pessoas...
Mas ficar só, só por um dia, é uma ideia boa.

Penso em tudo que foi trevas,
Penso em tudo que foi bom, único, sagrado...
Faço um auê!...
Para algumas pessoas separo perdão,
E na maioria das vezes, me peço perdão.

E sabe, diante de tanta solidão...
Mesmo bagunçando a alma e o coração...
Continuo sem muito entender.
Entendo que não preciso de muito saber...
Sei que minha essência ninguém rouba,
Podem até falar mal, mas ninguém sabe na íntegra.
Melhor do que eu e a solidão,
O resumo interno palpitante da minha atual condição.
E nunca ninguém saberá na íntegra...
O resumo póstumo de todo meu eu emoção.


((( Camila Senna )))



Colisão...


Grito rouco
Calabouço interno
Vizinho do inferno
Pés sem chão na madrugada, com tesão.

Meu sótão só serve para entulhar
Tralhas mal usadas.
Tédio de solidão
Não sou pessimista
Mas ando dividida com meu coração.

Feliz?
-Nem sempre!
Essa tal felicidade não tem dentes...
Será que ela é mesmo permanente?
Sei não... Às vezes fico tão contente,
Quando de repente fico tão melancólica com cólica
Entrando em colisão com o não.
Ele adora fechar a porta da minha esperança.

((( Camila Senna )))

Rua crua...




Num ato de desespero
Clamo por seus beijos.
Espero seu corpo virar a rua…
A rua da minha vida noturna.

Encorajo-me…
Pego meus instrumentos,
Meus sentimentos,
E vou esperá-lo… Que agonia, você não vira a rua.

Apelidei essa rua crua:"de amargura”.


((( Camila Senna )))


E ainda pensa ter virtudes...



Tem a vida, mas é defunto que anda de dia.
Tem a boca, a voz, mas ao invés de desatar nós,
Vive a destilar vermes hipócritas!


((( Camila Senna )))


Escrevo...



Tenho dificuldade com certas palavras ditas.
Por isso escrevo.
Escrevo tudo que vejo...
Tudo que calo,
Tudo que falo,
Tudo do meu tudo.

Sou muito intempestiva, mas sou gente fina.
Mas devo confessar que existem três classes de seres humanos,
Que vou-te contar, não tenho paciência.
São elas pessoas bestas, frias e falsas.
Escrevo porque tenho gozo de expressar-me através da escrita.
Sendo a mesma um santo remédio que acalma-me depois que entro em contato com essas classes aí.

"E escrevendo vou vivendo
E vivendo vou escrevendo...
Até que eu um dia, em carne e osso, jaz". 
 

((( Camila Senna )))


Ganhei mais esse poema do meu amigo Márcio Rufino.



Para a poeta Camila Senna



Camila menina,
Camila mulher,
Camila poeta,
Camila camélia
Senna entra em cena
E mostra ao que veio.

Em sua doce rebeldia.
Melancólica em sua poesia.
Guerreira em sua ousadia.
Musa, ninfa que não precisa
Perguntar nada ao pó,
Pois o pó já lhe declara todo o amor
E ela como toda mulher-flor
Se abre inteira.
Tesa em sua beleza.
Fenix restaurada das cinzas.
Cinza que faz, desfaz e refaz Camila.
Cinza do pó de poesia.


Marcio Rufino


Esse Amor...


Esse meu amor, não pede,
Implora não ir embora.
Penetra em todos os meus sentidos...
Como música de bossa nova.

Esse meu amor é tão divino,
Que quando acordo procuro seus olhos...
Fico em desatino se não encontro,
Perco o tino se não te sinto.

Esse meu amor é natural...
Mais que o normal.
Ele impera...
Ele governa meus instintos mais proibidos.

Esse meu amor é de circo...
Extasia,
Colori,
Tem fogo, e muita aventura.

Esse meu amor é lindo!
Como nunca vi por aí...
Ele me chama,
Me invade,
Me proclama!
 ((( Camila Senna )))




Estou ficando assim, rs...




Fico calada
Falo por dentro
Dou risada. 

((( Camila Senna )))



Chora...



Uma hora o oculto se esvai
O movimento diminui
A vibração retoma a razão
A emoção chora um rio de água salgada
E no peito, as marcas.


((( Camila Senna )))


Inimiga...


A monotonia, eu já entendi,
É minha inimiga.
Tenho mais medo dela
Do que de pessoas que se dizem “amigas”.

O que é de carne e osso não me apavora
Quando quero sou pólvora!...
Queimo num minuto, tudo que o mundo bruto
Me impeli a sentir sem eu permitir!


                        ((( Camila Senna ))) 
 


Andam...



As pessoas andam cruas,
Depressivas,
Bebendo inglória...
Se achando foda!

((( Camila Senna )))